08 julho, 2012

Cientistas observam a misteriosa estrutura oculta do universo pela primeira vez

Em 1933, Fritz Zwicky - um astrônomo suíço que trabalhava na CalTech - observou que a quantidade de matéria que ele podia ver através dos nossos telescópios não batia com o comportamento do universo. Devia haver algo mais que não conseguíamos enxergar. Algo que parecia ser responsável por 83% de toda a matéria existente, mas invisível a nós. Ou que era invisível a nós. Agora um time de astrônomos observou esses ramos ocultos que se estendem por todo lugar. A matéria escura, a misteriosa substância que parece ter dado ao universo a sua estrutura, foi finalmente revelada. Os resultados do estudo foram publicados na Nature quarta-feira. A pesquisa, liderada por Jörg Dietrich, um astrônomo do Observatório da Universidade de Munique, na Alemanha, observou intersecções em filamentos de estruturas de grande escala que ocorrem em clusters de galáxias. Essas ramificações escuras eram impossíveis de serem observadas até agora porque elas não são densas o bastante. Mas Dietrich e seus colegas conseguiram localizar um filamento que poderia ser observado, uma gigantesca ramificação de matéria escura com 18 megaparsecs de comprimento. Ela conecta Abell 222 e Abell 223, dois clusters de galáxias localizados a 2,7 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação Cetus. O time pode observar a matéria escura não apenas pela vastidão do filamento, mas pela sua orientação: ele é perpendicular à Terra, junto à nossa linha de visão. Isso o torna mais denso da nossa perspectiva, aumentando a lente gravitacional que deforma a luz e objetos atrás dele. Ao observar essa distorção em mais de 40 mil galáxias ao fundo, eles souberam que a massa do filamento tinha entre 6,5×10^13 e 9,8×10^13 vezes a massa do Sol.
Eles usaram dados da nave XMM-Newton, processados por uma nova técnica de análise computadorizada que revelou o formato preciso do filamento, além de mostrar a matéria escura e confirmar o modelo teórico proposto por Zwicky no começo do século XX. Até agora, nunca havia ocorrido uma observação direta dessa substância. Você pode ver o efeito no mapa 3D do universo abaixo, que mostra como as galáxias estão agregadas junto a uma estrutura aparentemente ramificada. Entretanto, esse era apenas um indicativo da existência de algo invisível com poder gravitacional suficiente para criar esses formatos.
o astrofísico Mark Bautz, do MIT, acha que "o que empolga é que neste sistema pouco usual nós podemos mapear a matéria escura e a matéria visível juntas e tentar descobrir como elas se conectam e se desenvolvem naquele filamento." Alexandre Refregier, um cosmologista do Instituto de Tecnologia Federal da Suíça, em Zurique, acredita que essa observação complementará o trabalho de encontrar matéria escura nos laboratórios da Terra como o LHC ou o Fermilab.

Nenhum comentário:

Postar um comentário