"Street Fighter 6" desafia o elitismo arraigado na
comunidade gamer e traz mudanças significativas que têm dividido os jogadores.
O comando clássico para executar movimentos icônicos, como o
"hadouken", que permaneceu inalterado desde o primeiro jogo da série
em 1987, agora pode ser acionado com um simples toque de botão em 2023. Além
disso, os jogadores podem realizar golpes complexos com apenas dois botões,
eliminando a necessidade de memorizar sequências complicadas.
Essas mudanças, embora tornem o jogo mais acessível,
causaram frustração entre os jogadores mais dedicados, muitos dos quais se
identificam com a cultura "git gud" e valorizam a meritocracia nos
games. Para eles, a ideia de que os jogos devem ser reservados apenas para os
"verdadeiramente bons" é fundamental, deixando de lado os jogadores
casuais e aqueles que enfrentam desafios de acessibilidade, como pessoas com
deficiência.
"Street Fighter 6" representa uma reviravolta na
série e busca ampliar seu público dentro do nicho altamente competitivo dos
jogos de luta 2D. É importante destacar que ser habilidoso em "Street
Fighter" não garante sucesso em outros jogos de luta, como "Mortal
Kombat" ou "King of Fighters", devido às diferenças nas
mecânicas de jogo.
A Capcom trouxe uma abordagem inclusiva à jogabilidade,
permitindo que os jogadores escolham entre os comandos clássicos e os novos
controles simplificados. A premissa do jogo permanece a mesma, com um elenco de
personagens que inclui novos rostos, como Luke, Jamie e Marisa, bem como
personagens familiares. Além disso, o jogo introduz o sistema Drive, uma barra
de energia que oferece novas habilidades de ataque, defesa e velocidade.
Embora os títulos anteriores da série fossem conhecidos por
sua agilidade, a mudança proporcionada pelo Drive torna as lutas mais
estratégicas, permitindo que os jogadores, independentemente de sua
experiência, tenham a chance de se recuperar durante o combate. Antes,
iniciantes corriam o risco de perder rapidamente para jogadores experientes que
dominavam combos e surpreendiam seus oponentes. Agora, a capacidade de bloquear
a maioria dos golpes com poucos botões nivelou o campo de jogo entre veteranos
e iniciantes.
A modernização também é evidente nos visuais vibrantes, que
lembram a estética das redes sociais, com efeitos de tinta que são liberados
durante certos movimentos, uma herança de "Street Fighter 4". O jogo
incorpora elementos das redes sociais no Battle Hub, onde os jogadores podem
interagir com avatares, encontrar outros jogadores e até mesmo lutar
casualmente. Além disso, existem opções encantadoras, como a possibilidade de
jogar títulos antigos de "Street Fighter 2" em fliperamas virtuais.
No entanto, a maior novidade, o modo World Tour, adota uma
abordagem de jogo de interpretação de personagens (RPG), permitindo que os
jogadores embarquem em uma jornada para se tornarem grandes lutadores,
aprendendo com personagens icônicos como Ryu e Chun-Li ao redor do mundo.
Embora seja uma adição inovadora à série, o modo pode se tornar monótono devido
às batalhas lentas e repetitivas, especialmente no início, com muitas cutscenes
e diálogos pouco inspirados. Os jogadores também enfrentam o desafio de que
seus personagens são inicialmente mais fracos que os oponentes de alto nível, a
menos que dediquem tempo considerável treinando com NPCs comuns nas ruas.
Para muitos, os modos Arcade e multiplayer online ou local
ainda são a melhor forma de aproveitar o jogo, oferecendo a experiência mais
refinada que a Capcom oferece. No entanto, a empresa mantém a controversa
prática de incluir muitas micro transações, que variam de roupas diferentes a
cores alternativas, visando extrair o máximo possível dos jogadores
financeiramente. Além disso, espera-se que uma versão aprimorada do jogo seja
lançada em breve.
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