26 setembro, 2023

O fim do elitismo nos jogos de luta.

 



"Street Fighter 6" desafia o elitismo arraigado na comunidade gamer e traz mudanças significativas que têm dividido os jogadores. O comando clássico para executar movimentos icônicos, como o "hadouken", que permaneceu inalterado desde o primeiro jogo da série em 1987, agora pode ser acionado com um simples toque de botão em 2023. Além disso, os jogadores podem realizar golpes complexos com apenas dois botões, eliminando a necessidade de memorizar sequências complicadas.

 

Essas mudanças, embora tornem o jogo mais acessível, causaram frustração entre os jogadores mais dedicados, muitos dos quais se identificam com a cultura "git gud" e valorizam a meritocracia nos games. Para eles, a ideia de que os jogos devem ser reservados apenas para os "verdadeiramente bons" é fundamental, deixando de lado os jogadores casuais e aqueles que enfrentam desafios de acessibilidade, como pessoas com deficiência.

 

"Street Fighter 6" representa uma reviravolta na série e busca ampliar seu público dentro do nicho altamente competitivo dos jogos de luta 2D. É importante destacar que ser habilidoso em "Street Fighter" não garante sucesso em outros jogos de luta, como "Mortal Kombat" ou "King of Fighters", devido às diferenças nas mecânicas de jogo.

 

A Capcom trouxe uma abordagem inclusiva à jogabilidade, permitindo que os jogadores escolham entre os comandos clássicos e os novos controles simplificados. A premissa do jogo permanece a mesma, com um elenco de personagens que inclui novos rostos, como Luke, Jamie e Marisa, bem como personagens familiares. Além disso, o jogo introduz o sistema Drive, uma barra de energia que oferece novas habilidades de ataque, defesa e velocidade.

 

Embora os títulos anteriores da série fossem conhecidos por sua agilidade, a mudança proporcionada pelo Drive torna as lutas mais estratégicas, permitindo que os jogadores, independentemente de sua experiência, tenham a chance de se recuperar durante o combate. Antes, iniciantes corriam o risco de perder rapidamente para jogadores experientes que dominavam combos e surpreendiam seus oponentes. Agora, a capacidade de bloquear a maioria dos golpes com poucos botões nivelou o campo de jogo entre veteranos e iniciantes.

 

A modernização também é evidente nos visuais vibrantes, que lembram a estética das redes sociais, com efeitos de tinta que são liberados durante certos movimentos, uma herança de "Street Fighter 4". O jogo incorpora elementos das redes sociais no Battle Hub, onde os jogadores podem interagir com avatares, encontrar outros jogadores e até mesmo lutar casualmente. Além disso, existem opções encantadoras, como a possibilidade de jogar títulos antigos de "Street Fighter 2" em fliperamas virtuais.

 


No entanto, a maior novidade, o modo World Tour, adota uma abordagem de jogo de interpretação de personagens (RPG), permitindo que os jogadores embarquem em uma jornada para se tornarem grandes lutadores, aprendendo com personagens icônicos como Ryu e Chun-Li ao redor do mundo. Embora seja uma adição inovadora à série, o modo pode se tornar monótono devido às batalhas lentas e repetitivas, especialmente no início, com muitas cutscenes e diálogos pouco inspirados. Os jogadores também enfrentam o desafio de que seus personagens são inicialmente mais fracos que os oponentes de alto nível, a menos que dediquem tempo considerável treinando com NPCs comuns nas ruas.

 


Para muitos, os modos Arcade e multiplayer online ou local ainda são a melhor forma de aproveitar o jogo, oferecendo a experiência mais refinada que a Capcom oferece. No entanto, a empresa mantém a controversa prática de incluir muitas micro transações, que variam de roupas diferentes a cores alternativas, visando extrair o máximo possível dos jogadores financeiramente. Além disso, espera-se que uma versão aprimorada do jogo seja lançada em breve.


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